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Os Escravos, por Antonio Frederico de Castro Alves, 5º Poema: A mãe do cativo, de Os Escravos, de Castro Alves

5º Poema: A mãe do cativo, de Os Escravos, de Castro Alves

A mãe do cativo

Le Christ à Nazareth, atix jours de son enfance

Jouait avec Ia croix, symbole de sa mort;

Mère du Polonais! qu'il apprene d'avance

A combattre et braver les outrages du Sort.

Qu'il couve dans son sein sa colère et sa joie

Qu'il ses discours prudents distillent le venin,

Comme un aime obscur que son coeur se reploie

À terre, à deux genoux, qu'il rampe comme un nain(MICKIEWICZ - A Mãe Polaca)

Ó mãe do cativo! que alegre balanças

A rede que ataste nos galhos da selva!

Melhor tu farias se à pobre criança

Cavasses a cova por baixo da relva.

Ó mãe do cativo! que fias à noite

As roupas do filho na choça da palha!

Melhor tu farias se ao pobre pequeno

Tecesses o pano da branca mortalha.

Misérrima! E ensinas ao triste menino

Que existem virtudes e crimes no mundo

E ensinas ao filho que seja brioso,

Que evite dos vícios o abismo profundo ...

E louca, sacodes nesta alma, inda em trevas,

O raio da espr'ança... Cruel ironia!

E ao pássaro mandas voar no infinito,

Enquanto que o prende cadeia sombria! ...

II

Ó Mãe! não despertes est'alma que dorme,

Com o verbo sublime do Mártir da Cruz!

O pobre que rola no abismo sem termo

Pra qu'há de sondá-lo... Que morra sem luz.

Não vês no futuro seu negro fadário,

Ó cega divina que cegas de amor? Ensina a teu filho - desonra, misérias,

A vida nos crimes - a morte na dor.

Que seja covarde... que marche encurvado...

Que de homem se torne sombrio reptíl.

Nem core de pejo, nem trema de raiva

Se a face lhe cortam com o látego vil.

Arranca-o do leito... seu corpo habitue-se

Ao frio das noites, aos raios do sol.

Na vida - só cabe-lhe a tanga rasgada!

Na morte - só cabe-lhe o roto lençol.

Ensina-o que morda... mas pérfido oculte-se

Bem como a serpente por baixo da chã

Que impávido veja seus pais desonrados,

Que veja sorrindo mancharem-lhe a irmã.

Ensina-lhe as dores de um fero trabalho...

Trabalho que pagam com pútrido pão.

Depois que os amigos açoite no tronco...

Depois que adormeça co'o sono de um cão.

Criança - não trema dos transes de um mártir!

Mancebo - não sonhe delírios de amor!

Marido - que a esposa conduza sorrindo

Ao leito devasso do próprio senhor! ...

São estes os cantos que deves na terra

Ao mísero escravo somente ensinar.

Ó Mãe que balanças a rede selvagem

Que ataste nos troncos do vasto palmar.

III

Ó Mãe do cativo, que fias à noite

À luz da candeia na choça de palha!

Embala teu filho com essas cantigas...

Ou tece-lhe o pano da branca mortalha.

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5º Poema: A mãe do cativo, de Os Escravos, de Castro Alves |||||captive|||||| 5th Poem: The captive's mother, from Os Escravos, by Castro Alves 5º Poema: La madre del cautivo, de Los esclavos, de Castro Alves

A mãe do cativo the captive's mother

Le Christ à Nazareth, atix jours de son enfance The|||||||| Le Christ à Nazareth, atix jours de son enfance

Jouait avec Ia croix, symbole de sa mort; Jouait avec la croix, symbole of sa mort;

Mère du Polonais! Mère du Polonais! qu’il apprene d’avance qu'il apprene d'advance

A combattre et braver les outrages du Sort. A combattre et braver les outrages du Sort.

Qu’il couve dans son sein sa colère et sa joie Qu'il cabbage dans son sein sa colère et sa joie

Qu’il ses discours prudents distillent le venin, Qu'il ses discours prudents distillent le venin,

Comme un aime obscur que son coeur se reploie Comme un aime obscur que son coeur if reploie

À terre, à deux genoux, qu’il rampe comme un nain(MICKIEWICZ - A Mãe Polaca) À terre, à deux genoux, qu'il rampe comme un nain (MICKIEWICZ - The Polish Mother)

Ó mãe do cativo! O mother of the captive! que alegre balanças ||balances what a happy scales

A rede que ataste nos galhos da selva! |net||you tied||branches||jungle The net you tied to the branches of the jungle!

Melhor tu farias se à pobre criança You would do better if the poor child

Cavasses a cova por baixo da relva. digs||grave|||| Dig the hole under the grass.

Ó mãe do cativo! O mother of the captive! que fias à noite |mess|| what do you do at night

As roupas do filho na choça da palha! |||||shack|| The son's clothes in the straw hut!

Melhor tu farias se ao pobre pequeno You would do better if to the poor little one

Tecesses o pano da branca mortalha. weave|||||shroud Weave the cloth of the white shroud.

Misérrima! Miserable! Miserable! E ensinas ao triste menino |you teach||| And you teach the sad boy

Que existem virtudes e crimes no mundo ||virtues||crimes|| That there are virtues and crimes in the world

E ensinas ao filho que seja brioso, ||||||proud And you teach your son to be brave,

Que evite dos vícios o abismo profundo ... |avoid||vices||abyss| That avoid the deep abyss from vices...

E louca, sacodes nesta alma, inda em trevas, ||shakes|||still|| And crazy, you shake this soul, still in darkness,

O raio da espr’ança... Cruel ironia! |||hope|| The ray of hope... Cruel irony!

E ao pássaro mandas voar no infinito, ||bird|send|fly|| And you send the bird to fly into infinity,

Enquanto que o prende cadeia sombria! ||||chain|dark While holding him in shadowy chain! ... ...

II II

Ó Mãe! O Mother! não despertes est’alma que dorme, |don't awaken|this soul|| do not wake up this sleeping soul,

Com o verbo sublime do Mártir da Cruz! |||||Martyr|| With the sublime verb of the Martyr of the Cross!

O pobre que rola no abismo sem termo |||rolls|||| The poor man who rolls in the endless abyss

Pra qu’há de sondá-lo... Que morra sem luz. |that there is||probe|||die|| Why should you probe him... Let him die without light.

Não vês no futuro seu negro fadário, ||||||fateful destiny You don't see in the future you black fairy,

Ó cega divina que cegas de amor? |blind||||| O blind divine that you blind with love? Ensina a teu filho - desonra, misérias, ||||dishonor| Teach thy son - dishonor, miseries,

A vida nos crimes - a morte na dor. Life in crime - death in pain.

Que seja covarde... que marche encurvado... ||cowardly||march|bent Let him be a coward... let him march bent over...

Que de homem se torne sombrio reptíl. ||||become|gloomy|reptile Let a man become a somber reptile.

Nem core de pejo, nem trema de raiva |core||||tremor|| Neither blush of pejo, nor tremble with rage

Se a face lhe cortam com o látego vil. ||||cut|||whip| If the face is cut with the vile whip.

Arranca-o do leito... seu corpo habitue-se pull||||||get used to| Get him out of bed... let his body get used to it

Ao frio das noites, aos raios do sol. To the cold of the nights, to the rays of the sun.

Na vida - só cabe-lhe a tanga rasgada! |||fits|||bikini bottom|torn thong In life - only the torn thong fits him!

Na morte - só cabe-lhe o roto lençol. ||||||tattered|sheet In death - only the torn sheet fits him.

Ensina-o que morda... mas pérfido oculte-se |||bite||treacherous||

Bem como a serpente por baixo da chã

Que impávido veja seus pais desonrados,

Que veja sorrindo mancharem-lhe a irmã.

Ensina-lhe as dores de um fero trabalho...

Trabalho que pagam com pútrido pão.

Depois que os amigos açoite no tronco...

Depois que adormeça co’o sono de um cão. ||falls asleep|with||||

Criança - não trema dos transes de um mártir! ||||trances|||

Mancebo - não sonhe delírios de amor! young man||dream|||

Marido - que a esposa conduza sorrindo ||||leads|

Ao leito devasso do próprio senhor! ||debauched||| ...

São estes os cantos que deves na terra |||songs||||

Ao mísero escravo somente ensinar. |miserable|||

Ó Mãe que balanças a rede selvagem

Que ataste nos troncos do vasto palmar. |||logs|||

III

Ó Mãe do cativo, que fias à noite

À luz da candeia na choça de palha! |||lantern||||

Embala teu filho com essas cantigas... |||||songs

Ou tece-lhe o pano da branca mortalha. |weave||||||