Sr. Zuckerberg, você está ciente de que está diante desta comissão
porque a sua empresa, o Facebook,
é acusada de vazar dados confidenciais dos usuários?
Sim, senhor.
Minha primeira pergunta para o senhor é a seguinte.
Outro dia eu mandei um arquivo de áudio para um senador
e, durante essa mensagem,
eu citei uma marca específica de chocolate.
Imediatamente em seguida,
eu comecei a receber, na minha página,
anúncios dessa mesma marca de chocolate.
É possível dizer então, sr. Zuckerberg,
que a sua empresa também vaza
arquivos de áudio sem autorização dos usuários?
Eu não tenho como responder a isso agora, senador,
mas o meu time vai retornar com uma análise detalhada em breve.
Certo. Breve quando, sr. Zuckerberg?
Antes do aniversário da Laura.
Laura? Que Laura?
Sua sobrinha.
E quando é isso, sr. Zuckerberg?
-Senador! Na próxima quarta. -Quarta-feira?
O senhor até confirmou presença no evento.
Hã...
Obrigado.
Sr. Zuckerberg, o senhor acabou de dar uma demonstração clara
de que tem acesso, sim, às informações pessoais
dos usuários do serviço da sua empresa.
Não é bem assim, senador.
Esse evento, por exemplo, era um evento público.
Qualquer um poderia ver.
Muito diferente de uma mensagem, como: "Oi, sumido."
Como assim?
Que "oi, sumido" é esse?
É maneira de dizer, senador.
É que, hoje em dia, com as redes sociais,
é muito comum que pessoas que não se veem há muito tempo
mandarem uma mensagem de: "Oi, sumido."
Tipo aquelas colegas que eram gostosas
na época do colégio.
Sei, sei.
E aí estão desempregadas
porque a franquia da Casa do Pão de Queijo
que elas abriram em Macaé faliu.
Entendi.
E aí divorciaram,
estão na merda, criando três filhos sozinhas,
e lembraram do amigo que está bem de vida, né, senador?
E, mesmo sendo casado,
e sabendo que essas colegas engordaram 25kg
por terem diabetes do tipo 2,
o amigo corresponde por ter uma "memória afetiva".
Eu achei essa sua colocação
um tanto quanto indiscreta, sr. Zuckerberg.
E machista.
É? Desculpa, senadora.
Longe de mim ser machista.
Até porque minha base de clientes é de maioria feminina.
Uma maioria de mulheres firmes,
fortes, empoderadas, absolutas,
que gostam de dominar os homens tanto no ambiente familiar
quanto no local de trabalho com um certo tipo de sadismo.
Sadismo?
É, do tipo enrolar um estagiário no papel celofane
e pendurar o estagiários com ganchos nos mamilos
enquanto aperta ele
num flat na Bulhões de Carvalho, nº 60.
Chega. Já entendi seu ponto. Já. Obrigada.
Sr. Zuckerberg, já que o senhor está falando de trabalho,
só uma pergunta.
Claro.
Se um usuário do Facebook
mandasse uma imagem dele pelado
para a menina que trabalha aqui embaixo, no Almoxarifado...
Isso pode vazar?
Esse usuário do Facebook achou estranho?
Nunca tinha visto essa colega do Almoxarifado.
Aí pediu para ela falar alguma coisa no microfone
para provar que ela não era fake.
Foi.
Ela disse que o microfone estava estragado.
Acontece, né?
Aí esse usuário de Facebook pediu para ela fazer um gesto específico
para provar que aquele vídeo não era um vídeo pré-gravado.
Com o jornal do dia do lado.
-"O Globo". -Mas ela não assina jornal.
É que ninguém assina mais, né?
Pois é, senador.
Aí ele se empolgou, colocou o pau para fora,
e, bem nessa hora, ela saiu e nunca mais apareceu.
Bom...
Se esse amigo do senhor for uma pessoa comum,
é bem difícil que vaze.
Agora, se for um político famoso, por exemplo,
aí é bem provável que vaze.
Tem como não vazar, sr. Zuckerberg?
Se eu estivesse no meu escritório,
até poderia, né?
-Por mim, está liberado. -É, acho que pode liberar.
-Está liberado. -Muito obrigado.
Próximo.
Seu idiota! Seu cretino!
Falei para você não fazer aquela merda de Instagram!
-O quê? -Falei!
Olha para mim!
Não estou conseguindo.
Agora você vai ter que comer no meu sapato.
Hein, vagabundo?
Olha aqui!
Hein? Hã?
Vai comer no meu sapato?
-Vai comer no meu sapato? -Me leva para casa.
Vai comer no meu sapato?
Eu moro em Campo Grande.