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Embrulha Pra Viagem, PRECAVIDO | EMBRULHA PRA VIAGEM

PRECAVIDO | EMBRULHA PRA VIAGEM

Então fala com a professora, melhor que uma prova substitutiva.

Fechou o sinal.

Pai.

Tem uma moça te chamando ali, você não tá vendo?

Claro que eu tô vendo.

Já pensou se não é comigo?

Ela tá falando com alguém atrás de mim?

A vergonha que eu vou passar?

Na dúvida eu vou fingir que não é comigo, não.

Sabe uma coisa que eu odeio é dar fora.

Alex!

Alex!

Claro que é com você! Ela tá chamando seu nome.

Ah, sim. Só tem um Alex nessa cidade. Para com isso, filho.

Pai, atrás da gente só tem duas mulheres.

Quem te disse? O mundo de hoje tá muito mudado, filho.

Vai que uma delas é uma trans

que ainda tá registrada com o nome de Alex no documento,

mas tá mudando a papelada, e a desavisada ali

tá chamando a moça pelo nome antigo.

Ela que tá passando vergonha. Olha lá, abriu.

Oi, Alex! Tudo bem?

Você não tá me reconhecendo.

-Desculpa. -Helena.

Colégio Andradas, quinta série C.

Andei muito com a Lavínia, tua irmã.

Como é que você tá, Helena?

-Tudo bem? -Tudo bom.

Mas também faz o quê? Uns trinta anos isso.

Por aí. Gente, como o tempo passa.

Menos pra você! Não mudou nada, tá a mesma carinha de sempre.

Mais ou menos, né, Alex.

Eu passei por um acidente de carro tem uns 5 anos,

e de lá pra cá eu já fiz oito cirurgias no rosto.

Mas agora a vida tá entrando nos eixos.

Nossa, se você não tivesse falado, eu não tinha nem reparado.

Sério? Puxa, que bom.

-É teu filho? -É! Maurinho.

Gente não acredito! Que moço grande!

Lembra do Ernesto, da quinta B, cabeção?

Claro, jogava futebol de salão com o cabeção.

Acabamos casando, você acredita?

Ah, você tá brincando! Que legal.

Eu casei com a Amelinha, da quinta série A.

Gente, que colégio casamenteiro!

A nossa tá com 17 anos e agora essa surpresa aqui.

Ah, parabéns!

Só um minutinho! Alô?

Que você ia falar pra ela?!

-Eu ia dar parabéns pra ela. -Parabéns por quê?

-Ela tá grávida. -Você tá louco?!

Meu filho, aprende uma coisa com o seu pai.

A gente não pode correr o risco de dar um fora desses.

E se ela estiver gorda? Com que cara eu vou ficar?

Mas, pai! Ela falou da surpresa.

Surpresa. Ela não terminou a frase!

-Pelo amor de Deus, pai. -Não, e se ela vira e fala assim:

Ah, agora essa surpresa, né.

Eu tive essa disfunção hormonal terrível,

tô comendo que nem uma desvairada,

adquiri essa gordura localizada inacreditável

que não sai nem com crossfit cinco vezes por semana.

-Eu faço o quê? -Ela fez carinho na barriga.

Pode ser um tique que ela adquiriu depois do acidente de carro.

Não podemos correr esse risco!

Pai, ela tá com sacolinha de bebê, com fralda, brinquedo, monte de coisa.

Quer dizer que uma gordinha não pode ir num chá de bebê?

Como você é preconceituoso, menino.

Bom, Alex, eu já vou.

Porque nessa fase não dá pra ficar batendo perna.

Fico cansadíssima.

Um beijo pra Amelinha e outro pro Maurinho.

Beijo! Tchau!

Nossa, pai. Você é muito doido mesmo.

Nem mandou um abraço pro tal do cabeção, marido dela.

Eu não, e se eles estiverem separados?

Não vou dar um fora desse.

Vai ver até por isso ela entrou em depressão,

acabou batendo o carro,

e hoje adquiriu essa compulsão alimentar

e deixou ela desse tamanho.

Tem que aprender, meu filho. Aprende aí.

Tá com cara de grávida, não tá?

Tá pra nascer, né?

Até porque se chegou aqui, é um hematoma, né?

-Theresa vai sair por aqui. -No fim de janeiro.

Pode ficar na posição?

Mas pai, ela fez carinho na barriga!

Isso pode ser um tique que ela adquiriu depois do...

-Faz de novo. -Mas pai, ela fez carinho na barriga!

Fez carinho na barriga! Isso pode ser um...

De novo.

Se bobear, foi por isso que eles...

Se bobear, foi por isso que ela...


PRECAVIDO | EMBRULHA PRA VIAGEM

Então fala com a professora, melhor que uma prova substitutiva.

Fechou o sinal.

Pai.

Tem uma moça te chamando ali, você não tá vendo?

Claro que eu tô vendo.

Já pensou se não é comigo?

Ela tá falando com alguém atrás de mim?

A vergonha que eu vou passar?

Na dúvida eu vou fingir que não é comigo, não.

Sabe uma coisa que eu odeio é dar fora.

Alex!

Alex!

Claro que é com você! Ela tá chamando seu nome.

Ah, sim. Só tem um Alex nessa cidade. Para com isso, filho.

Pai, atrás da gente só tem duas mulheres.

Quem te disse? O mundo de hoje tá muito mudado, filho.

Vai que uma delas é uma trans

que ainda tá registrada com o nome de Alex no documento,

mas tá mudando a papelada, e a desavisada ali

tá chamando a moça pelo nome antigo.

Ela que tá passando vergonha. Olha lá, abriu.

Oi, Alex! Tudo bem?

Você não tá me reconhecendo.

-Desculpa. -Helena.

Colégio Andradas, quinta série C.

Andei muito com a Lavínia, tua irmã.

Como é que você tá, Helena?

-Tudo bem? -Tudo bom.

Mas também faz o quê? Uns trinta anos isso.

Por aí. Gente, como o tempo passa.

Menos pra você! Não mudou nada, tá a mesma carinha de sempre.

Mais ou menos, né, Alex.

Eu passei por um acidente de carro tem uns 5 anos,

e de lá pra cá eu já fiz oito cirurgias no rosto.

Mas agora a vida tá entrando nos eixos.

Nossa, se você não tivesse falado, eu não tinha nem reparado.

Sério? Puxa, que bom.

-É teu filho? -É! Maurinho.

Gente não acredito! Que moço grande!

Lembra do Ernesto, da quinta B, cabeção?

Claro, jogava futebol de salão com o cabeção.

Acabamos casando, você acredita?

Ah, você tá brincando! Que legal.

Eu casei com a Amelinha, da quinta série A.

Gente, que colégio casamenteiro!

A nossa tá com 17 anos e agora essa surpresa aqui.

Ah, parabéns!

Só um minutinho! Alô?

Que você ia falar pra ela?!

-Eu ia dar parabéns pra ela. -Parabéns por quê?

-Ela tá grávida. -Você tá louco?!

Meu filho, aprende uma coisa com o seu pai.

A gente não pode correr o risco de dar um fora desses.

E se ela estiver gorda? Com que cara eu vou ficar?

Mas, pai! Ela falou da surpresa.

Surpresa. Ela não terminou a frase!

-Pelo amor de Deus, pai. -Não, e se ela vira e fala assim:

Ah, agora essa surpresa, né.

Eu tive essa disfunção hormonal terrível,

tô comendo que nem uma desvairada,

adquiri essa gordura localizada inacreditável

que não sai nem com crossfit cinco vezes por semana.

-Eu faço o quê? -Ela fez carinho na barriga.

Pode ser um tique que ela adquiriu depois do acidente de carro.

Não podemos correr esse risco!

Pai, ela tá com sacolinha de bebê, com fralda, brinquedo, monte de coisa.

Quer dizer que uma gordinha não pode ir num chá de bebê?

Como você é preconceituoso, menino.

Bom, Alex, eu já vou.

Porque nessa fase não dá pra ficar batendo perna.

Fico cansadíssima.

Um beijo pra Amelinha e outro pro Maurinho.

Beijo! Tchau!

Nossa, pai. Você é muito doido mesmo.

Nem mandou um abraço pro tal do cabeção, marido dela.

Eu não, e se eles estiverem separados?

Não vou dar um fora desse.

Vai ver até por isso ela entrou em depressão,

acabou batendo o carro,

e hoje adquiriu essa compulsão alimentar

e deixou ela desse tamanho.

Tem que aprender, meu filho. Aprende aí.

Tá com cara de grávida, não tá?

Tá pra nascer, né?

Até porque se chegou aqui, é um hematoma, né?

-Theresa vai sair por aqui. -No fim de janeiro.

Pode ficar na posição?

Mas pai, ela fez carinho na barriga!

Isso pode ser um tique que ela adquiriu depois do...

-Faz de novo. -Mas pai, ela fez carinho na barriga!

Fez carinho na barriga! Isso pode ser um...

De novo.

Se bobear, foi por isso que eles...

Se bobear, foi por isso que ela...