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Gloss Brazilian Portuguese Level 2+, O Brasil na encruzilhada da ciência

O Brasil na encruzilhada da ciência

Investimento de várias décadas está sendo perdido tanto pela falta de manutenção das pesquisas como pela fuga de cérebros para outros países.

A Ciência brasileira experimentou um grande desenvolvimento nas últimas décadas. O Brasil já forma mais de 16 mil doutores por ano, cientistas brasileiros conquistam importantes prêmios internacionais, e há claros exemplos de sucesso na aviação, na agricultura, na produção de óleo e gás, na saúde e na grande variedade de startups em parques tecnológicos.

No entanto, o país encontra-se neste momento em uma encruzilhada entre dois caminhos, o do desenvolvimento, se investir em ciência, educação e inovação tecnológica; ou o do atraso, se focar unicamente em cortes orçamentários e ajustes fiscais.

Após um período virtuoso em que tivemos um aumento do investimento público em ciência e tecnologia, acompanhado por um modesto incremento dos investimentos de empresas, parecia que íamos finalmente ultrapassar o patamar de 1,2% do PIB investido em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e alcançar valores próximos aos da China e de países desenvolvidos, superiores a 2% do PIB.

Entretanto, o que temos visto nos últimos quatro anos é uma diminuição dos investimentos em P&D. O orçamento de 2017 do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, após o corte de 44% realizado recentemente, é cerca da metade do de 2005, e um terço do de 2013, em valores atualizados pela inflação. Além disso, os estados da Federação também têm feito grandes cortes em seus investimentos em P&D, afetando seriamente suas fundações de amparo à pesquisa.

Isso tem resultado na paralisação de pesquisas cruciais para o país, como é o caso dos estudos sobre zika, febre amarela, chicungunha e dengue. O Brasil tem tido um papel altamente relevante no entendimento dessas doenças, o que tem permitido atenuar suas consequências e buscar medidas preventivas e terapêuticas. Mais de 13% dos estudos mundiais sobre Zika foram feitos por grupos brasileiros, ameaçados agora pelo corte de investimentos.

A face mais cruel é que o investimento de várias décadas está sendo perdido tanto pela falta de manutenção dessas pesquisas como pela fuga de cérebros para outros países.

Ciência e tecnologia são elementos essenciais de um projeto de nação. Com essa perspectiva, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) realizará no Museu do Amanhã, de amanhã a quarta-feira, a sua Reunião Magna anual, com o tema “Um projeto de Ciência para o Brasil”. A apresentação de propostas para o país será acompanhada de palestras sobre as fronteiras da Ciência.

Uma agenda positiva em época de crise, o Projeto de Ciência para o Brasil é uma iniciativa da ABC reunindo mais de uma centena de seus membros, que estão elaborando propostas para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Esse projeto tem uma importância estratégica para o Brasil e consolida a participação de cientistas e da ABC no desenvolvimento do país.

Mas propostas não bastam. Sem agências de fomento revigoradas, financiando pesquisa de qualidade, o Brasil não conseguirá trilhar o caminho seguido pelos países desenvolvidos e mesmo pelos membros do Brics. O país precisa ter um projeto de ciência com um robusto financiamento, tanto por parte do governo como do setor privado, para que possa tornar-se desenvolvido e socialmente justo.

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O Brasil na encruzilhada da ciência Brazil at the crossroads of science Le Brésil au carrefour des sciences

Investimento de várias décadas está sendo perdido tanto pela falta de manutenção das pesquisas como pela fuga de cérebros para outros países.

A Ciência brasileira experimentou um grande desenvolvimento nas últimas décadas. O Brasil já forma mais de 16 mil doutores por ano, cientistas brasileiros conquistam importantes prêmios internacionais, e há claros exemplos de sucesso na aviação, na agricultura, na produção de óleo e gás, na saúde e na grande variedade de startups em parques tecnológicos.

No entanto, o país encontra-se neste momento em uma encruzilhada entre dois caminhos, o do desenvolvimento, se investir em ciência, educação e inovação tecnológica; ou o do atraso, se focar unicamente em cortes orçamentários e ajustes fiscais.

Após um período virtuoso em que tivemos um aumento do investimento público em ciência e tecnologia, acompanhado por um modesto incremento dos investimentos de empresas, parecia que íamos finalmente ultrapassar o patamar de 1,2% do PIB investido em pesquisa e desenvolvimento (P&D) e alcançar valores próximos aos da China e de países desenvolvidos, superiores a 2% do PIB.

Entretanto, o que temos visto nos últimos quatro anos é uma diminuição dos investimentos em P&D. O orçamento de 2017 do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, após o corte de 44% realizado recentemente, é cerca da metade do de 2005, e um terço do de 2013, em valores atualizados pela inflação. Além disso, os estados da Federação também têm feito grandes cortes em seus investimentos em P&D, afetando seriamente suas fundações de amparo à pesquisa. ||||||||||||||||||||||support||

Isso tem resultado na paralisação de pesquisas cruciais para o país, como é o caso dos estudos sobre zika, febre amarela, chicungunha e dengue. O Brasil tem tido um papel altamente relevante no entendimento dessas doenças, o que tem permitido atenuar suas consequências e buscar medidas preventivas e terapêuticas. Mais de 13% dos estudos mundiais sobre Zika foram feitos por grupos brasileiros, ameaçados agora pelo corte de investimentos.

A face mais cruel é que o investimento de várias décadas está sendo perdido tanto pela falta de manutenção dessas pesquisas como pela fuga de cérebros para outros países.

Ciência e tecnologia são elementos essenciais de um projeto de nação. Com essa perspectiva, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) realizará no Museu do Amanhã, de amanhã a quarta-feira, a sua Reunião Magna anual, com o tema “Um projeto de Ciência para o Brasil”. A apresentação de propostas para o país será acompanhada de palestras sobre as fronteiras da Ciência.

Uma agenda positiva em época de crise, o Projeto de Ciência para o Brasil é uma iniciativa da ABC reunindo mais de uma centena de seus membros, que estão elaborando propostas para o desenvolvimento científico e tecnológico do país. Esse projeto tem uma importância estratégica para o Brasil e consolida a participação de cientistas e da ABC no desenvolvimento do país.

Mas propostas não bastam. Sem agências de fomento revigoradas, financiando pesquisa de qualidade, o Brasil não conseguirá trilhar o caminho seguido pelos países desenvolvidos e mesmo pelos membros do Brics. O país precisa ter um projeto de ciência com um robusto financiamento, tanto por parte do governo como do setor privado, para que possa tornar-se desenvolvido e socialmente justo.